quinta-feira, 9 de julho de 2015

O pão-duro e a avareza das idéias


Sidney Silveira

Estudar não é adquirir conhecimento por osmose ou telepatia. Leva tempo e custa dinheiro. Dá trabalho e exige disciplina. Requer paciência e supõe clareza com relação aos objetivos visados.

Quem é sovina quando se trata de gastos com a sua própria formação, jamais será um genuíno intelectual. Quem não dedica tempo à leitura e à reflexão acerca do que leu, nunca será capaz de emergir do pântano das opiniões superficiais. Quem não se vale de nenhum método para estudar, acumulará informações de maneira desordenada e será, nos melhores casos, um palpiteiro culto, que acerta em detalhes tópicos, mas não logra ter uma visão de conjunto em nenhuma das matérias estudadas. Quem não recorre ao auxílio de homens doutos e prudentes, cedo ou tarde se perderá nalgum labirinto sem saída. 

O sujeito que acha caro investir num livro de autor importante, ou num curso que pode contribuir decisivamente para a sua formação, porém não hesita em gastar iguais quantias em jantares, noitadas e entretenimentos em geral, não tem vocação para o conhecimento. Este exige uma capacidade de renunciar ao fútil em prol do útil; valer-se do útil em ordem ao excelente; fruir o excelente para adquirir o hábito contemplativo que distingue o homem de saber.

O pão-duro tem propensão à estupidez, ainda que esta se revista de algum verniz, adquirido em leituras feitas a esmo; ainda que possua o brilho enganoso das bijuterias. 

Não há melhor serventia para o dinheiro do que comprar o que não se perde duma hora para outra: os tesouros da inteligência.