quinta-feira, 18 de julho de 2013

Breve lição de Filosofia Moral

Rua Ataúfo de Paiva, no Leblon, tomada por "manifestantes" que destruíram parte do bairro, nesta quarta (17/07/2013)
Sidney Silveira
As depredações, os roubos e a violência de vândalos e bandidos que, em mais uma “manifestação” democrática, destruíram ontem parte do bairro do Leblon, no Rio de Janeiro — local onde mora o parlapatão governador Sérgio Cabral —, fizeram-me passar por aqui rapidamente para republicar um texto há um mês veiculado gentilmente pelo Prof. Angueth em seu blog, quando o Contra Impugnantes estava fechado.
A questão começa com a proposição de um problema:
É moralmente lícito a alguém participar ordeiramente de uma ação cujos resultados presumíveis são o caos e a violência?
Resposta:
Em sentido absoluto, não!
O ato humano pode ser especificado por dois vetores: o fim bom e as circunstâncias de realização desse fim. Como a circunstância dos atos humanos é acidental, e não essencial, muitas vezes não altera moralmente o fim bom ou mau do ato. Assim, por exemplo, se um professor qualquer dá uma aula magistral, não importa a circunstância de fazê-lo num luxuoso auditório, com microfones e ar-condicionado, ou numa sala velha em péssimo estado de conservação. Da mesma forma, matar alguém pelas costas não retira o caráter nefasto da ação, seja esta realizada numa avenida ou num corredor estreito.
Noutras vezes, porém, as circunstâncias retiram do ato o seu fim bom, ou o degradam a ponto de eliminar a licitude da ação. Este é o caso de alguém realizar um ato imbuído de boas intenções, mas SABENDO DE ANTEMÃO que ele acarretará — juntamente com os bens visados — males que podem pôr em risco a vida das pessoas e também as instituições públicas e privadas.
Ora, se as grandes manifestações, nas capitais brasileiras e no interior, acabaram em destruição, vandalismo, desordem, crimes, etc. — e, portanto, se prevê com ELEVADÍSSIMO GRAU DE PROBABILIDADE que outras aglomerações reivindicadoras terminarão da mesma forma —, participar delas é MORALMENTE ILÍCITO e contrário ao bem comum e à paz social, seu sucedâneo imediato. Algo análogo a atirar contra um ladrão que está escondido atrás de uma multidão de inocentes.
Portanto, valorosos defensores da pátria amada: manifestem-se participando da política, e não contribuindo, mesmo alegando boas intenções, para culpavelmente destruir as precondições materiais e institucionais de sua existência.
Simples assim.
Em suma, contribuir ordeiramente para a desordem é um mau em si, pelas razões acima alegadas.