terça-feira, 1 de junho de 2010

Novo livro do Padre Calderón ("A Religião do Homem"), e nova Semana de Humanidades em La Reja



Carlos Nougué

I) Acaba de publicar-se na Argentina um novo livro do R. P. Álvaro Calderón, Prometeo ― La religión del hombre (Ensayo de una hermenéutica del Concilio Vaticano II), que, como a sua anterior obra (A Candeia debaixo do Alqueire...), representa o que verdadeiramente podemos chamar de “tomismo vivo”: aquele que, solidamente fundado no realismo aristotélico-tomista e no magistério infalível da Igreja, e sempre em defesa da Realeza de Cristo, resolve de modo cabal os principais problemas com que nós, os católicos, deparamos na atualidade.

No conjunto de questões disputadas que constituem A Candeia... o Padre Calderón resolvia a premente questão da obediência devida ao magistério pós-conciliar. Com respeito a Prometeo... lê-se no site oficial do Distrito da América do Sul da FSSPX (http://www.fsspx-sudamerica.org/fraternidad/index.php):

“Bento XVI começou seu pontificado com uma tremenda confusão: o Concílio Vaticano II não teria sido bem compreendido. Ora, tudo foi mudado pelo Concílio: a liturgia, o catecismo e o direito canônico, a vida dos seminários, dos conventos e das paróquias, e quarenta anos depois um Papa que foi teólogo do Concílio afirma que ainda não se deu a correta interpretação dele. A comoção nos meios eclesiásticos não podia ser maior, pois tal afirmação põe em questão toda a reforma conciliar.

A maioria dos bispos se reúne para defender a hermenêutica vulgata — chamemo-la assim — do Concílio como novo começo, que animou as reformas. A Fraternidade São Pio X de certo modo está de acordo, embora sem o eufemismo: a única hermenêutica possível é a de ruptura com a tradição. Em contrapartida, os grupos tradicionalistas amparados sob as asas da Comissão “Ecclesia Dei” se apressam a dizer que pode e deve dar-se a hermenêutica da continuidade. O momento é solene. Roma convidou a Fraternidade São Pio X a discutir sobre o Concílio — horror! gritam os bispos — com a intenção, certamente, de mostrar-lhe um Vaticano II sem contradição na história dos dogmas.

Neste contexto, o Padre Álvaro Calderón, professor desde há muito tempo do seminário argentino da FSSPX, ensaia uma hermenêutica do Concílio que reúne duas notáveis qualidades. Primeira, indica de maneira muito precisa os múltiplos pontos doutrinais em que o Concílio rompe com a tradição, e, mais ainda, patenteia certas questões difíceis que foram usadas como véus. Segunda, traça as linhas de um processo contínuo que vai do humanismo e do renascimento ao “novo humanismo” conciliar. Embora o aspecto histórico esteja menos desenvolvido [no livro], permite porém entender por que Bento XVI defende que o Concílio não é algo totalmente novo: está em continuidade com cinco séculos de catolicismo liberal"[grifo nosso].

Estas duas qualidades não podem reunir-se num livro de leitura fácil. Mas é que não é fácil a leitura do Concílio. No entanto, ainda que o leitor possa perder detalhes que exigiriam estudo para ser apreciados, verá porém que o autor recolhe as peças de tantas discussões que haviam deixado perplexos os católicos, e as encaixa entre si sem forçá-las, como quem resolve um quebra-cabeça. Aqui está, sem dúvida, o mérito principal da obra, e o que faz pensar que se deu um importante passo na compreensão do maior acontecimento da era moderna.”

Este livro fundamental, cuja edição é do próprio autor, tem 328 páginas, custa $ 32 mais despesas de correio, e pode ser adquirido no seguinte link:
http://www.fsspx-sudamerica.org/fraternidad/libreria.php (ou pelo seguinte e-mail: fsspx.sudamerica@gmail.com).

II) Outra importante notícia é que tornará a realizar-se, entre 15 e 25 de julho, ainda no seminário de La Reja, as Jornadas de Humanidades, que, lembremo-nos, foram suspensas no ano passado devido à influenza A H1N1.

As Jornadas para os rapazes têm por título “¿Evolución o Creación?”, e os temas das conferências serão, portanto, os mesmos que se tratariam no ano passado: evolucionismo, big bang, Gênesis, arte, etc. Entre os conferencistas, o Padre Calderón, o Padre José Maria Mestre, o biólogo Raúl Leguizamón, o Professor Carlos Pérez Agüero, o Professor Casermeiro e o Professor Marcelo Gustavo Imbrogno, além do superior do distrito, Rev. Padre Christian Bouchacourt.

Haverá também Jornadas especiais para as moças, sob o título: “El plan para destruir a la mujer cristiana”

As inscrições (lembrem-se de que o número de vagas é limitado) se devem fazer, respectivamente, pelos seguintes links:
http://www.fsspx-sudamerica.org/fraternidad/jornadas10.php e http://www.fsspx-sudamerica.org/fraternidad/jorchicas10.php.

Adendo do Sidney: Li A Religião do Homem... há três anos, numa versão eletrônica enviada pelo próprio Padre Calderón. É, em certo sentido, um livro ainda mais aterrador do que A Candeia..., pelas questões que suscita e a forma como o teólogo lhes dá solução magistral. Mas também se trata de uma obra mais acessível, em razão do formato de texto corrido, ao passo que A Candeia..., sendo uma complexa disputatio, requer um conhecimento prévio do método escolástico e, também, de algumas das principais técnicas de demonstração filosófica. Parece-me igualmente importante frisar que não se trata da versão (reduzida) que circula pela internet. A forma final do livro foi aumentada consideravelmente.